Friday, February 27, 2009

Flickr Widget! Dentro da mochila do TED.

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Sunday, February 8, 2009

TED em poucas palavras.

Há muitos motivos para ir ao TED. Vamos falar então dos motivos para não ir. É mais fácil.

Não vá ao TED se você não fala inglês. Você tem que pelo menos compreender muito bem. Talvez você nem precise falar, mas ouvir é muito importante. Aliás é só o que se faz durante os 4 dias. Portanto se você anda meio mal no inglês, alugue uns dvds legais. No início, só legendas em inglês mesmo. Em seguida assita ao filme de novo e tire a legenda. Ajuda muito. No site do TED logo vai ter um menu pulldown com legendas dos talks em tudo o que é língua. Legal, mas atrapalha quem tem preguiça de aprender.
O TED custa caro. A conferência ao vivo, é em Palm Springs e custa US$6mil por cabeça. Não tem choro nem vela, não tem bolsa, não tem desconto. E pior, não tem reembolso. Como é dinheiro que vai para doação, na mesma hora que entra na contabilidade deles, sai. Por isso, pense bem antes de clicar no ok do site. O simulcast de Palm Springs custa US$3.750, o que ainda é salgado.
É uma maratona de palestras Quatro dias, das 8:30 da manhã até as 7 da noite. Uma hora de almoço e uns dois intervalinhos de café. Tem que estar bem dormido e numa cadeira bem confortável. Apesar de não parecer, ouvir cansa pacas, ainda mais numa língua que não é sua. O pior é aquele povo querendo confraternizar, ou reproduzir, sei lá, indo para festas e jantares pós-TED, que não acrescentam nada, pelo contrário, subtraem preciosas horas de sono.
Americano é chato. Isso não é nenhuma novidade: o americano branco médio é obtuso, preconceituoso, pretensioso, raso, desconfiado e feio. E dos 400 inscritos lá em Palm Springs, deviam ser uns 320 americanos. E desses, uns 280 eram bem assim como eu descrevi. Tem uma casquinha de sucesso e inteligência, Mas se você cavar um pouquinho logo chega naquele americano mcdonalds típico.
Composição étnica Em Palm Springs (e acho que Long Beach não era muito diferente) haviam apenas duas moças negras na platéia. E só eu de homem negro. Isso diz muito a respeito de qualquer comunidade. Não que haja qualquer preconceito aparente, nem no conteúdo, nem no preço, nada que proíba ou desestimule negros a fazerem parte do TED. Ano passado inclusive, houve o TED Africa. Muito palestrantes são negros. Há uma boa presença de asiáticos até. Uns europeus, poucos latinos, vários canadenses.
Em nada representativo do perfil do americano mais capacitado. Não sei o que isso quer dizer, mas acho assutador.
Tem que ir até lá. De fato, tem que estar lá. É diferente de ver na internet, mesmo que seja num belo monitor hd. E lá é longe. Califórnia, 16 horas de vôo de São Paulo, com escala, 6 horas de fuso horário a menos, e jet lag garantido.
Solidão. A esmagadora maioria das pessoas que vai ao TED, vai sozinha. Até encontra um ou outro conhecido, ou mesmo já tem uma turminha de anos anteriores. Há pequenos grupos que vão juntos, mas é raro. E sozinho tudo é mais caro. Fora que quando você ouve ou vê algo maravilhoso, você quer dividir. Mas com quem? Eu que não sou tatu, levei minha família, mas éramos exceção.

Agora que você já está convencido de que ir ao TED é uma bobagem deixe-me concluir: É uma experiência única. É sensacional na medida em que você entende que a história pode estar sendo escrita ali na sua frente. É empolgante pelas descobertas, e pela capacidade de realização das pessoas envolvidas. É incrível na qualidade da tecnologia embarcada e na organização ultra-profissional. É surpreendente na boa vontade, abertura e cooperação entre todos os participantes, o tempo todo, uns com os outros. É insuperável no calibre e relevância de quase todos os palestrantes, gente séria, de sucesso, envolvida, estudiosa, dedicada e indispensável. O TED é inesquecível em alguns poucos momentos, o suficiente para esquecer completamente todos aqueles motivos para não ir.

Por tudo isso, se não puder ir, vá.

Saturday, February 7, 2009

Sábado | 12. Engage

Jay Walker | Belo talk sobre a English-Mania. É boa ou é ruim? A China deve tornar-se ao final de 2010 o maior país do mudo que fala a língua inglesa. Obrigatória (por lei) desde os 7 anos, em todas as escolas do país. A conclusão é que sim, todo mundo deve mesmo falar inglês. Amplia as possibilidades tanto no contato com material existente, quanto facilitando a ponte entre diferentes culturas.

Jamie Cullum | O Oliveira já chamou esse menino de Sinatra de tênis. E ouvindo o disco, é mesmo isso que parece que ele gostaria de ser. Ao vivo, outra coisa. Apesar de cantar bem, tocar piano direitinho e tal, ele talvez não tenha se conformado em ser crooner, sei lá. Ficou meio um punk de boutique, descabelado, desarrumado, tentando improvisar, revolucionar o formato das músicas, mas acho que não rolou, não chegou lá. Nem perto de Sinatra. E ele estava de botas.

Gever Tulley | Falou e mostrou imagens de um acampamento de férias diferente que ele comanda, o Tinkering School, onde as crianças brincam com furadeiras, solda, serra tico-tico e solução de problemas aplicados. Problemas de físca, mecânica, eletrônica básica, lógica. Eles garantem que ninguém nunca saiu da escola aleijado, o que já é grande coisa.

Barry Schwartz | Citando o discurso do Obama, esse psicanalista concordou que o que os EUA (e o mundo por consequência) não precisam de mais regras, mais regulamentação. Precisa de bom-senso. Ou como ele chama, "pratical wisdom" e "moral virtue= moral skill + moral will". Mas em português não é muito mais do que simples bom-senso.

Liz Coleman | A presidente da faculdade de artes liberais de Vermont, revolucionou o sistema de notas e avaliação no ensino superior americano. Logo quando assumiu a direção da escola mandou metade dos profesores embora. Considerada uma tremenda megera por muitos, assumiu uma faculdade medíocre e hoje Bennington College é um dos bons (e caros) lugares para formar alunos em cursos de humanidades, artes, letras e ciências sociais nos EUA.

E assim fechamos o TED, não sem antes uma apresentação teatral dos líderes aqui de Palm Springs. Era para ser uma comédia, ou uma paródia, talvez um resumo bem humorado do TED 2009. Era para ser meio de improviso, era para empolgar. Mas no fim foi só amador, raso e vergonhoso. Bem americano.

Na despedida, um visivelmente emocionado Cris Anderson chamou de volta o Jamie Cullum que cantou sua versão brega de "Imagine". Foi de uma pieguisse titânica.

Sábado | 11.Predict

O Nate Silver é um estudioso de estatística. O interessante no trabalho dele é as informação secundária que se consegue explorando resultados de pesquisa. Nesse talk, ele tentou chegar nos motivos pelos quais a questão racial ainda é determinante em algumas regiões americanas. Tudo à partir dos painéis dos resultados da eleição presidencial americana. Logo em seguida, Alex Tabarrok pediu entusiasmo e insistência na questão global. Ele acha que as soluções só servem se forem para todos. Engraçado como outros acharam exatamente o contrário, que quanto mais tribalizado, específico e personalizado, mais eficiente. Algumas contradições nesse sentido por aqui.

Bruce de Bueno Mesquita | Ainda não sei se ele é só um Oswald de Souza. Segundo o seu discurso, é possível prever tudo o que vai acontecer em termos de política, decisões internacionais, relações diplomáticas. Tudo à partir da apuração mais real o possível dos fatos. E algumas equações matemáticas.

Nicholas Negroponte apareceu para dar um oi, e dizer que o OLPC vai bem obrigado, é um sucesso. Basta ver a quantidade de Netbooks que invadiram o mercado nos últimos tempos. Que não nem nada a ver com o olpc, mas certamente foram inspirados por ele.

Para fechar o Predict,Dan Ariely, um estudioso do comportamento. Depois de ter 75% do corpo queimado severamente, compara a falta de método das enfermeiras ao fazer seus curativos e pricipalmente, retirar suas bandagens. Rápdio ou devagar? De cima pra baixo ou de baixo pra cima? A conclusão é que elas deviam perguntar para ele qual o melhor jeito, ou pelo menos, confiar na sua intuição, antes de decidir. A dor era dele, afinal de contas. Curioso. Bem, daí a aplicar esse raciocínio no mercado de capitais, ficou fora do meu alcance.

Sexta-Feira | TED Party by Gucci

Ah, claro. Até parece. Minha turma é outra. Fora que amanhã o TED começa às 8:30. Boa noite.

Sexta-Feira | 10.Dare

Capacitor | Sorry, eu não saquei. Mezzo Cirque du Soleil, mezzo Momix, sem nunca chegar realmente em algo palatável. Deu sono. Música chata. Eu não tenho sensibilidade pra isso, acho. Vê aí. Não é para mim.

Ueli Gegenschatz | Asa Delta, depois paraglider, depois paraquedas. Depois speedriding. Depois basejumping. Depois stunts. Depois wingsuit. Ou seja, o rapaz é um suicida profissional. Mas absolutamente incompetente uma vez que ainda está entre nós. Ironicamente, o Ueli é patrocinado por RedBull, que pelo jeito não te dá aaaasaas coisa nenhuma. E se tem um cara que merecia ter umas asas, é esse.


Mary Roach | Escritora, falou sobre o orgasmo, sua história, algumas lendas, uma piadas e outras curiosidades. Mais para um clube de comédia do que para o TED, certo?

Lena Maria Kingvall | O momento que eu temia no TED: pessoas com deficiências. Americanso chamam isso de Tear-Jerker. Lena Maria Kingvall nasceu sem nenhum dos braços ou das mãos. E uma das pernas tem metade do tamanho da outra. No mais, uma criança normal. Campeã de natação, escritora, calígrafa e cantora. Claro que é uma história linda de como enxergar a vida pelo que o que ela oferece e representa. Um exemplo de otimismo, força e independência. Uma inspiração. Mas no TED achei fora de contexto. As paraolimpíadas já judiaram bem dos espectadores nas suas casas. Pra quê fazer isso com a gente aqui nesse lugar estranho. Foi legal, mas um tanto desnecessário. Como um comercial de uns 15 anos atrás onde uma inglesa deficiente, sem braços, fazia o seu próprio café da manhã. Como diria um famoso filósofo argentino: "No precissa."

Friday, February 6, 2009

Sexta-Feira | 9.Grow

Natasha Tsakos | Eu achei na verdade tudo um pouco cafona, mas a idéia dela não é ruim. Essa menina, a Natasha, era uma artista de rua, dessas que imitam estátua, de rosto pintado, roupas engraçadas pra fazer um troquinho. Aí ela resolveu levar essa habilidade mímica para o teatro e usar a tecnologia (projeções, efeitos sonoros, etc.) a seu favor. O resultado não é grande coisa. MAs acho que o personagem que ela criou, o Zero, tem um potencial de licensing violento. É esperar para ver.


David Merrill | Na série de palestras curtinhas de 7 ou 8 minutos David Merril causou espécie: com uns brinquedinhos que são pequenos blocos com chips e mini-telinhas de lcd. O genial é a interação entre eles, e as possibilidades de uso. Os programas que correm dentro deles podem ser super primários mas são muito divertidos e educativos. Claro que ele trabalha no MIT também.

Rosamund Zander | Uma decepção. Esposa do incrívelmente carismático maestro Ben Zander, figurinha carimbada do TED, Dona Rosamund fez talvez o talk mais chato do ano. Sem ritmo, sem certeza, sem graça. Nada a ver com o marido. Uma pena. Seu ritmo estava tão arrastado que o Cris Anderson teve que entrar e pedir para dar uma acelerada. Sentada numa poltrona, falou com tão pouca convicção que eu juro que não me lembro sobre o que era a palestra. Ah, lembrei. Sobre o seu próximo livro, "Manual Para Adultos". A não ser que seja pornografia pesada, provavelmente ninguém vai se interessar.

Dickson Despommier | High Rise Farmer. Isso significa fazendeiro vertical. O projeto impecável deste coroa é a implantação de fazendas de agricultura verticais. Você já deve ter visto uns 3ds legais por aí: 15, 20 andares de alface, tomate, cenoura, temperos. Só tem vantagens. De fato, do modo como foi pensado, o sistema todo se auto-sustenta direitinho. No final você fica se perguntando: "Ué, mas porque é que isso ainda não existe?" Boa pergunta. Sem resposta ainda.

No meio destas palestras visionárias pintou o fundador e CEO do Twitter, Evan Williams. Falou de como surgiu o site e o quanto ele acredita na ferramenta como um serviço real time de conexão, cooperação e convivência. Aí explicou como funcionam os novos searches da empresa. Como tornar isso viável comercialmente ele não explicou. Foi rápido e direto. Bem Twitter. Durante os 3 minutos do talk dele, mais de 50 mensagens foram escritas falando sobre ele, no TED naquele momento.

Willie Smits | Esse cidadão holandês, viu numa feira na Indonésia um filhote de orangotango à venda, enjaulado, e em péssimas condições. Voltou na mesma feira no dia seguinte, e viu o macaquinho no lixo, agonizante. E foi nessa hora que começou a virada na carreira desse cara: de agronomista, biólogo e reflorestador, para o maior protetor da espécie do mundo, responsável por um santuário de 1000 orangotangos. No meio de Bornéu, conseguiu uma área devastada e desacreditada, e em 7 anos, com todo o conhecimento técnico, recriou uma floresta tropical toda monitorada por satélites, planejada em detalhes, e fonte de renda de um sem número de famílias locais. E os Orangotangos lá, seguros e felizes da vida. A platéia foi muito calorosa, aplaudindo de pé por um bom tempo. Chris Anderson disse emocionado: "Você é um dos heróis do planeta. Obrigado."

Sexta-Feira | 8.Discover

Cientistas | Nessa seção diurna, alguns personagens interessantes: Evan Schwartz pesquisou as origens históricas do Mágico de OZ. Thelma Golden é uma curadora de arte afro-americana; deu uma palestra xoxa, apesar do assunto ser legal na teoria. Muito monocórdica. A Psicóloga Jennifer Mather também não tinha muito carisma, mas o seu assunto era ótimo: comprovar a existência de inteligência avançada em moluscos, mais específicamente no polvo. E de fato, em alguns momentos esses bichos quase que raciocinam.

Depois dela veio a Nalini Nadkarni , uma cientista/ecologista especializada em árvores na Costa Rica. Com uma palestra além de inspirada, tenta desmistificar o cientista como um cara de avental branco e prancheta na mão. E mistura música, esportes, cinema ao seu trabalho. Melhor ainda, conseguiu fazer uma Barbie edição especial, a Escaladora de Árvores. Super inteligente e envolvente.

Bonnie Bassler deu a melhor palestra desse bloco. Com um raciocínio super linear e organizado, carregou a platéia de uma descoberta para outra. Movida por pura curiosidade, ela avançou como ninguém havia avançado antes no estudo do comportamento de grupo das bactérias. Seja estudando bioluminescência ou na síntese de novas curas via cultura de bactérias, ela promoveu um assunto quase invisível a uma pauta importante, otimista e admirável.

No fim ainda veio o Nathan Wolfe, um pesquisador de vírus na Africa que tem um projeto de previsão de vírus , através do controle e monitoramento das atividades de caça dos povos nativos. Aparentemente, ele estava mais realizado de estar no TED do que com os resultados do seu trabalho. Mesmo assim foi esclarecedor.

Um pianista

Eric Lewis | Não posso começar o post de hoje sem falar no Eric Lewis. Ele já tocou duas vezes aqui no TED. Ontem e hoje. Não grava discos, só se apresenta ao vivo. Não tenho muita certeza como defini-lo mas o que chega mais perto é que ele se situa em algum lugar entre o grotesco e o sublime. Um cara grande, preto, com um cabelasso black-power e que toca um piano clássico com interferência de ódio, violência e jazz. Lembra o Thelônius, lembra o Jimmy Hendrix. Só vendo para entender. Vale a pena procurar. Acho que no YouTube pode ter algo.

Quinta-Feira | 7.Dream

É hora de apresentar os TED Prize Winners. Antes, mostraram os vencedores do ano passado e como seus desejos (cada premiado tem direito a um desejo) foram atendidos. Teve o Dave Eggers com o Once Upon A School, a Kara Armstrong com o Charter for Compassion, e o Neil Turok com o African Einstein.

Prize Winner | Jill Tarter O filme "Contact" com a Jodie Foster foi baseado na figura insistente e petulante dessa senhora. Diretora do SETI (Search for Extraterrestrial Intelligence), vem há décadas tentando achar alguma prova real da existência de vida inteligente fora do nosso sistema solar. Matematicamente é impossível que não haja, e o desejo dela é: promover uma grande busca de toda a humanidade (menos os criacionistas) por evidências de que nós não estamos sozinhos no Universo. Essa moça precisa ir pra Varginha. Ou São Tomé das Letras. Discurso legal, mas difícil.

Prize Winner | Sylvia Earle Uma velhinha que tem 6.000 horas debaixo da água. Mais de 50 expedições submarinas em todos os cantos do planeta. Abriu 5 empresas de trajes submarinos, veículos para andar em grandes profundidades, etc. Fez um discurso bonito, empolgado e emocionante. Seu pedido para o TED: "Usar tudo o que estiver ao seu alcance, filmes, expedições, internet, publicidade, para criar um network mundial de áreas marinhas protegidas, criando hope spots grandes o suficiente para salvar e recuperar o oceano, coração azul do planeta." Foi muito aplaudida e logo de cara, na platéia uma produtora americana e um diretor indiano se ofereceram para produzir e filmar qualquer material que ela venha a precisar nesse projeto.

Prize Winner | José Abreu Talvez este tenha sido o motivo que me trouxe até o TED. Quem me conhece sabe a minha obsessão nesse último ano pelo brilhante maestro Gustavo Dudamel. José de Abreu é o maestro responsável pela criação do El Sistema, um programa de educação musical clássica (onde foi inventado o Dudamel) disponível para TODAS as crianças venezuelanas. Em qualquer cidade, vila, bairro, fim de mundo (que não devem ser poucos lá) tem uma escola do El Sistema. Se houver 1 único aluno, vai haver um professor. Esse programa hoje conta com 300 mil alunos regulares, fora os que desistem, ou nem se interessam. É uma visão tão romântica do mundo, que é impossível não se emocionar. Fez seu discurso gravado em espanhol, austero, solene e elaborado. Entrou na sequência via satélite de Caracas e fez seu TED wish: "Descobrir e desenvolver 50 jovens talentos apaixonados por música e justiça social (olha o Chaves!) nos EUA e no mundo." Uma missão artística e política ao mesmo tempo. Acho fácil.

Para fechar de forma sublime, Gustavo Dudamel entra ao vivo de Caracas com a Orquestra Jovem Simón Bolívar e rege um Mahler cheio de energia e força. Na sequência, marcou o TED para sempre com a clássica Danzón nº2 de Arturo Marquez , que eu sempre obrigo todo mundo a escutar no meu carro.


O auditório veio a baixo. Gente se abraçando, chorando. Aqui em Palm Springs e lá em Long Beach. TODO MUNDO de pé, aplaudindo por uns 5 minutos, sem parar. O Chris Anderson perdeu a voz, engasgou. Foi um daqueles momentos que nunca mais você esquece. E eu estava ali, vendo a história ser escrita. Que sorte.

Thursday, February 5, 2009

Quinta-Feira | 6.Invent

Daniel Libeskind | Em 2006 ele venceu a competição do projeto de reconstrução do Ground Zero em Nova Iorque. Arquiteto polêmico, muito mais por causa do pau que ele quebrou com os construtores do monumento, com investidores e até com a prefeitura. Vaidoso, pra não dizer paranóico, fez toda a sua apresentação no TED usando o tema "versus". Tipo "o novo vs o velho",ou "o arrojado vs o conservador", entre outras obviedades. Desfilou uns 20 projetos de seu próprio escritório. Talvez uns 4 ou 5 construídos, no máximo. E cá pra nós, 90% cafonérrimo. Bad architecture, simplesmente. Cara chato, quase mandei uma vaia no final.

EcoRock & others | Material polêmico, o EcoRock diz ser 90% menos poluente que as outras paredes de drywall do mercado. Logo depois, uma tomada chipada que previne incêndios e sobrecarga que promete salvar milhares de vidas. Na sequência, uma engenheira que faz robôs para cirurgias, Catherine Mohr, apresentando uma técnica menos invasiva, mais eficiente e precisa do que a laparoscopia. Aplaudidísima, aguarda aprovação do FDA na sua invenção. Ainda dentro desse assunto, o Dr. Daniel Kraft que criou um aparelho para recolher células tronco dentro do osso da bacia sem precisar fazer 200 furos dolorosos.

Shai Agassi | Apesar do nome ele não é um tenista tímido, e sim um empreendedor, em nome da viabilidade dos carros elétricos. Já conseguiu apoio de 3 países inteiros: Dinamarca, Israel e Australia para começar a fabricação de um carro 100% elétrico. O discurso é convincente, e apresentação do projeto é impecável. É muito mais planejamento e matemática financeira do que engenharia mecânica ou tecnologia. Parece que a Renault já fechou a produção de 5 modelos ainda em 2009.

Meia hora pra café. Lá vem os TED Prize Winners.

Quinta-Feira | 5.Understand

Nina Jablonsky e outros | Uma bela palestra que celebra a evolução humana e os 200 anos do nascimento do Darwin. Mas no ponto de vista da cor da pele versus a condição climática. Não tem melhor nem pior, tem mais sol e menos sol. Só. Logo depois dela, o Art Benjamin, um professor de matemática ultra carismático que foi bem objetivo: Nos EUA o ensino devia ter foco em porcentagens e análise combinatória e não cálculo, como é hoje em dia. Depois uma moça foi falar sobre alimentação, e até ameaçou fazer um pão ali, ao vivo.

Elizabeth Gilbert | O que vem depois de um sucesso estrondoso? Nada além de altas expectativas, e a certeza quase absoluta de um barulhento fracasso. Esse é o tema do TEDtalk da Elizabeth Gilbert, autora de "Comer, rezar e amar". De saída, a melhor voz do TED todo. Calma, articulada, bem-humorada. Nem um slide. Nada de computador. Perguntou porque escritores ou atividades que envolvem criatividade tem sempre mentes atormentadas. Respondeu evocando a Roma antiga. Segundo a história conta, ninguém "é" gênio, e sim "está" gênio, como se fosse uma entidade com vontades próprias, que pode ou não te ajudar no seu trabalho. Isso tira um peso enorme das costas. No fundo, esse tipo de sucesso devastador é mesmo muito mais sorte do que competência. Aplaudida de pé por mentes atormentadas durante uns 3 minutos.

Jacek Utko | Com uma apresentação elegante e objetiva, esse designer gráfico mostrou um desafio que ele topou encarar: é possível salvar um jornal polonês usando lindas primeiras páginas, diagramação perfeita, conteúdo e projeto editorial inovadores? A resposta é não. Mas nem por isso, diz ele, você deve deixar de tentar. Faça o melhor trabalho da sua vida, mesmo sabendo que não vai adiantar nada. Resultado: 3 vezes o melhor jornal do mundo nos últimos 5 anos.

Margaret Wertheim | A australiana de Brisbane ficou famosa na internet por fazer imitações de corais em tecido. Começou à toa, com a irmã. Hoje mais de 600 pessoas no mundo todo colaboram com retratos fiéis de corais e outros seres marinhos. Suas exposições atravessam o mundo chamando atenção para o problema ambiental do clareamento dos corais, para a geometria aplicada no espaço hiperbólico, ou simplesmente, para o crochê. Excelente.

Almoçar rapidinho.

Quinta-Feira | 4.See

Oliver Sacks | Depois de um belo número musical do Deepak Ram, entrou o velhinho. Eu acabei de ler o Musicophilia, e estava ansioso para vê-lo. Ele não é lá um grande palestrante, mas sem dúvida escreve livro sensacionais. Foi simpático, falou sobre como o cérebro pode criar imagens e sons sem necessariamente o auxílio da visão, da audição, ou da memória.

Convidados | Entre os Talks importantes de 20 minutos, tem uns convidados tipo o Ramiro, repetentes. Um é o soprador de vidro (veja se isso é profissão) Dale Chihuly que tem um trabalho fora do comum. Uma moça da Universidade da Califórnia que criou um troço interessante, o Allosphere .

Cinema | Dois caras falaram de 3d e suas evoluções no cinema. Um foi o Don Levy, da Sony Pictures mostrando novos softwares de iluminação. Na sequência entrou o Ed Ulbrich da Digital Domain, responsável pelos efeitos do Benjamin Button. Fantástico: todas as cabeças do Brad Pitt velhinho foram geradas em 3d, e coladas no corpo de 5 ou 6 atores diferentes. Até as expressões faciais foram capturadas. Para isso eles tiveram que inventar um programa novo, com ajuda de tomografia, ressonância magnética, maquiadores, enfim, 155 pessoas envolvidas só nisso, durante 2 anos. Tomara que o filme seja bom.

Olafur Eliasson | É um artista interessante, especialmente pelo seu último trabalho que são aquelas Waterfalls em Nova Iorque. O foco dele é procurar novos estímulos visuais, novas maneiras das pessoas perceberem a influência do espaço em torno delas. Eita papo cabeça. No final entrou um outro artista, Golan Levin que junta tecnologia, arte e vídeo no seu trabalho, meio difícil de definir.

Ray Zahab | Um maluco completo. Atravessou o Pólo Sul à pé durante sei lá, 50 dias. 1.100 km! Ele já havia atravessado o Sahara. Tudo isso correndo ou andando rápido. Dormindo em barracas, comendo bacon e aveia. E já está se preparando para atravessar um trecho do Pólo Norte, 750 km.

Pausa para um café. Meia hora.

Wednesday, February 4, 2009

Quarta-Feira | 3.Reconnect

Seth Godin | O Seth Godin é adorado. Pode procurar na internet. Os livros são um sucesso, as palestras dele estão em todo lugar. É figurinha carimbada no TED, desde sempre. Eu li uns 3 livros dele. O TED book club me mandou o último "Tribes". Na minha opinião, desculpe, mas acho o cara um Raul Plasmann do Marketing. Comentarista do óbvio. Nenhum insight, só constatações e neurolinguística aplicada. Tipo um Lair Ribeiro careca. E nas palestras, tudo o que ele faz é vender bem o último livro. E no último livro, tudo o que ele fez foi anunciar a próxima palestra. Malandrão.

Jake Eberts | Esse canadense é produtor de filmes importantes tipo Ghandi, O Nome da Rosa, Carruagens de Fogo, etc. Aí meus amigos, ele apresentou o último projeto dele com o Jacques Perrin, diretor francês, um documentário chamado "Oceans". Mostrou 9 minutos. É absolutamente inacreditável. Talvez as imagens de natureza mais incríveis já filmadas até hoje. São anos desenvolvendo câmeras, uma até presa num míssil (!), minicâmeras motorizadas. O filme ainda não está pronto, deve sair na França em novembro desse ano. Ah, e já custou US$75 milhões. Atenção, é um documentário.

Yann Arthus-Bertrand | O Yann é aquele fotógrafo daquele livro da terra vista de cima, manjadíssimo, com imagens famosas, tipo essa ilha fluvial no formato de um coração, ou aquele patchwork de tapetes persas vistos do alto. Além de ser um grande fotógrafo de cavalos, pessoas e paisagens, agora ele entrou numas de filme.
Segura o cara. Falando aquele inglês horroroso, mostrou dois projetos de tirar o chapéu. O primeiro é um filme chamado "Os Outros 6 bilhões" que ele já está fazendo há 5 anos. Com milhares de entrevistas. Fala sobre diversidade, família, tradições e tudo o que mais une do que separa as pessoas no mundo todo. O segundo projeto é o filme "Home" , filmado em 50 países e é sobre o quanto a situação da Terra é precária e como podemos fazer para salvá-la. Pretensioso, mas fechou com uma frase boa: "Agora é tarde demais para sermos pessimistas."

Matt Harding | Quem não viu o vídeo "Where the Hell is Matt?" no YouTube? 17 milhões de pessoas viram. O Matt é aquele cara que fica dançando a mesma dancinha ridícula enquanto a paisagem muda. Acho que ele passa por uns 400 países. Um sucesso. Hoje é patrocinado por uma marca de chicletes. O próximo projeto dele é ir ensinando uma dança típica de um país para outro. Uma corrente, um intercâmbio de passos de dança locais. Pensando nisso, colocou todo mundo no palco de Palm Springs para ensinar uns movimentos básicos de uma dança indiana. Foi uma zona completa, um tumulto, enfim, mais um sucesso.

Regina Spektor | O dia acabou com 4 musiquinhas da originalíssima Regina Spektor, que no mínimo, é xará da minha mãe, o que já lhe garante certa vantagem na avaliação. Mas fora isso, ela é uma russa com formação em piano clássico, vodka e perestroika, fazendo música muito diferente, e muito boa. Nas Drovia!


Fim do dia! Festa na Piscina! Não fui! Saudades da minha família que foi conhecer o Deserto do Mojave e o Joshua Tree, um dos discos mais fracos do U2.

Quarta-Feira | 2.Reframe

Gamelan X & ArcheDream | Depois do almoço, uma musiquinha meio new-age, tudo meio escuro e uma dança modernosa com roupas fosforescentes. Rapaz, deu um sono.Foi deus que me deixou acordado. Ou os 5 cafés que eu já tomei. Café aliás oferecido pelo Google. Assim como um monte de comidas, brownie, batatinhas, barrinhas, iogurtes. Nice.

Sir Tim Berners-Lee | É só o cara que inventou o World Wide Web. Fora o fato dele ser britânico e ainda ter a língua mais presa que eu já ouvi na vida, ele não é muito articulado ou carismático. Se bem que a essa altura nem precisa. Fora isso, ele fez um apelo: "Linked Data. Linked Data." Seja lá o que ele quer dizer com isso. Mas deve ser importante. "Linked Data!"

Nandan Nilekani | Um senhor indiano, com um keynote fraco, explicando as contradições da Índia, que não são poucas. Ele lançou um livro "Imagining India" que é uma maneira que ele encontrou de analisar o seu país: através das idéias. Pouco envolvente. Eu precisava pelo menos gostar da cozinha indiana para depois, quem sabe, me interessar pelos seus problemas.

Pattie Maes | Usando uma webcam basica, um espelho e um projetorzinho pendurados no pescoço, esse departamento do Media Lab da MIT está querendo inventar o sexto sentido. Que é a informação de qualquer coisa ao alcance da mão em real time. Difícil de explicar. Assim que o video estiver disponível no site do TED, vale a pena ver. Foi aplaudida de pé.

Al Gore | O Al Gore é muito legal, o filme dele é o ppt mais visto da história, e realmente é um político diferente. Mas é incrível como os últimos 3 talks dele são pessimistas.

Ray Anderson | Um senhorzinho, meio perdido, não se entendia com o Powerpoint. Ele tem uma fábrica de carpetes. Até aí, nada. Ele resolveu, de uns anos pra cá fazer uma fábrica de carpete (100% derivado de petróleo) sustentável. E até 2010 ele vai conseguir. Terminou com um poema super inspirado, quase ingênuo, que tirou todo mundo da cadeira. Eu fiquei lá sentado: não gosto de carpete.

Saul Griffith | Sensacional. O cara esá desenvolvendo uma captação de energia baseada na resitência de uma asa contra o vento. Que em última instância é energia eólica, só que sem as hélices, que são caríssimas. São pipas gigantes, lá no alto, sendo puxadas pelo vento o dia inteiro, gerando eletricidade. Cacilda!

Intervalinho de meia hora para mais um café. Cada vez que volta todo mundo pro auditório eles pedem para você sentar num lugar diferente. Ah, fazer amigos é uma arte mesmo.

Quarta-Feira | 1.Reboot

Juan Enriquez | Começou na hora. Com o economista/futurista Juan Enriquez que está em Long Beach. Espetacular. Ele pintou um retrato da economia com cores horríveis. Mas por outro lado, sugeriu um cenário muito positivo do futuro, especialmente no ramo da genética e biotecnologia.

Peter W. Singer | Logo depois dele entrou o Peter Singer, um cara que trabalha com robótica e tecnologia em aplicacões militares. Traçou um paralelo entre videogames de guerra e a própria guerra. Talvez, diz ele, cheguemos num ponto onde não haverá diferença entre um e outro. Daí, engraçado, a guerra vai perder o sentido.

Naturally 7 | Momento Musical. Sempre apresentado pelo Thomas Dolby ("She blinded me With Science", lembra?). Um grupo chamado Naturally 7, que não usa instrumentos. Seria um acapella, mas eles também constroem a melodia imitando timbres de guitarra, bateria, teclado, baixo, efeitos em geral. Fantástico.

Bill Gates | O Bill Gates, por incrível que pareça é cool. Primeiro porque ser geek já é cool. Segundo porque agora ele é amigo do Seinfeld, e acho que aprendeu a rir de si próprio. E terceiro, porque o cara jea colocou 3.5 bilhões em ações sociais. Seja tentando acabar com a Malária, ou querendo reformar o sistema de ensino americano. Missões no mínimo corajosas. E olha, acho que ele vai conseguir. A parte engraçada era o Chris Anderson, o dono do TED, lendo as perguntas na tela de um Mac.

David Hanson | Entre cada uma das apresentações longas aí de cima, volta alguém que já fez um TedTalk só para dar um update, mostrar umas novidades ou cantar uma musiquinha. O que torna a experiência toda muito agradável. O David Hanson trabalhou com a Disney, e hoje faz robós que identificam e reproduzem expressões faciais. Ele fez um robô com cabeça de Einstein incrível. Teve também a participação de uma moça que eu não guardei o nome, muito divertida que lançou um site de educação sexual chamado "make love, not porn". Engraçadíssimo. No final ainda rolou um "Parabéns à Você" conduzido pelo Maestro Ben Zander da Boston Philarmonic. Eu nunca tinha ouvido uma versão tão boa. O Carlão da DPZ era fã desse maestro. Com razão.

E assim fecha a primeira parte antes do almoço. Não falei das atrações locais tipo uma moça com um violãozinho com uma música engraçada, ou pessoas contando histórias engraçadas que contenha "I was once caught up...". Divertido.

Tuesday, February 3, 2009

Terça-Feira


Terça-feira, dia do registro

Dez da manhã. Como bom Davidson que sou, lá estava eu na porta do auditório do TED. Só abriram as portas às 10:30. Peguei meu crachá. Peguei minha goodie bag. Já participei de eventos onde você ganha brindes e tal. Na maratona de L.A. em 2004 ganhei uma camiseta, umas barrinhas, um talco, pomadas, energéticos, descontos para comprar um tênis, descontos, cupons, flyers, etc. Dessa vez surpreenderam. Veja a lista de ítens do meu goodie bag no flickr.